agosto 21, 2012

Em terra de Araçá e Maritaca

Nas poeiras estradas do São Paulo... e pra dizer a verdade não tão poeiras, mas sim um petróleo e liso asfalto de estrada, chegou o serTÃOBrasil em Birigui e Araçatuba. Entre araçá, muito calor, revoadas de maritacas e causos curiosos, a Bordadeira de Mestre Zuza e Dona Zica, contaram modas e cantaram prosas pro povo alegre dessa terra.



Um dos causos aconteceu antes mesmo de estender o tapete, antes da proseação e de passado o café. Ali na rua da praça um sabiá não saiu dos pés de Sinhá Zica, dona Elza. Parou, cantou, arrodeou, chamou pra passear e revoou revoado lá pras bandas dos fios de poste. De lá ficou olhando pra sinhá, como que dizendo que passarim por aqui não desapareceu de cantar não. Tava lá... mansinho, mansim, de peito laranja, laranjim. Ficou lá em riba o sabiá. Muntarto pra se tocar, per'demais pra se bem ouvir.



Depois foi pra lá, lá pra beirada da janela ouvir os velhos contadores de suas histórias. Seu dotô sabia que sabiá gosta de ouvir o povo cantar? Fica lá ele, mansamente ave de ouvido atento, ouvindo. E lá fomos nós, do serTÃO, cantar pro sabiá e praquele povo de lá, de lá do Birigui e Araçatuba. Contamos prosas, cantamos histórias e falamos de umas cantigas boas de se cantar e se ouvir, boamente como fazem os bois.
Mestre Zuza falou da vez que enfrentou três onças com um tiro só na agulha da espingarda. Era daquelas onça-tigre braba, lá do Mato Grosso; falou também da vez que pegou um tal peixão de mais de 7 metros lá pras bandas do São Francisco, alto mesmo lá no Sergipe e de uma jornada entre Nanuque e Estremoz, pras bandas do Norte das Gerais, quando levava, ele mais João Preto, carrero de carro de bois, sino pra ser benzido pelo Capelão. Teve lobisomem, assombração, poesia de Dona Zica, cafezim, e bolinho de chuva. Ah... teve também o "biscoitinho 5 pratos", receita de sinhá, lá de Conceição do Mato Dentro, teve Tochio, homem de olho puxado e mente esperta e todas as "gente" que nos ouviram.
Teve serTÃOBrasil, teve causos, bordados e poesia. No final, sá Bordadeira teceu um Luão de todo tamanho, dessas de alumiá passeio de pulga pelo chão, chão das Gerais, de Sêo Rosa; do pantanal, de Manoel; do cerrado de Coralina e outros mestres contadores.
Vai ficar também muita sôdade dessa terra boa, onde as maritacas se arreúnem detardezinha todas elas, verde, verdinhas, lá na praça, pra ouvir o sino da igreja soar.

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